quarta-feira, 29 de setembro de 2010

TEORIA ARISTOTÉLICA DA BELEZA

Para entender a idéia de Beleza, é preciso conhecer a visão Aristotélica do mundo. Para ele, o mundo, vindo de um caos, passou a ser regido pela harmonia. O homem e o mundo vivem constantemente na luta para levar a vitória incompleta da harmonia sobre o caos, como se restasse vestígio da desordem anterior. Essa visão do mundo como luta entre harmonia desejada e destroços do caos, é fundamental no pensamento aristotélico.
            Para Aristóteles, a beleza decorre da harmonia, ordem, equilíbrio, grandeza e proporção, existente entre as partes desse objeto entre si e em relação ao todo, no conjunto. O belo exige uma certa grandeza, ou imponência, e ao mesmo tempo, proporção e medida nessa grandeza. Ele afirma, por exemplo, que uma mulher bonita e bem proporcionada, mas pequena, é Graciosa, não Bela.
            Em sua teoria, a Beleza incluía várias outras categorias além do Belo. As características essenciais da Beleza seriam a ordem, ou harmonia, assim como a grandeza. Aristóteles se preocupa com a medida e a proporção devido à influência do conceito grego de Beleza.
            Na “Poética”, anotações para servir às aulas que dava sobre Teatro, ele admite a desordem e a feiúra como elementos que estimulam a criação da Beleza, através da Arte.
            Aristóteles retira a Beleza do mundo ideal que Platão a coloca e a torna propriedade do objeto.
            Diferentemente dos pensadores antigos que excluíam o Feio da Estética, Aristóteles se refere à Comédia, Arte do feio, fazendo parte legitimamente do campo estético, como uma desarmonia comum e inocente.
            Na Retórica, ao lado da definição objetiva da Beleza, ele também encara a subjetividade à Estética. O estudo não está mais no objeto, mas na repercussão que desencadeia sua contemplação. A Beleza é o objeto que agrada o sujeito pelo simples fato de ser apreendido e fruído. Examina a Beleza do ponto de vista do sujeito e conclui que o prazer estético é decorrente da simples apreensão, gratuita e sem esforço, do objeto, pelo espírito do sujeito.
            De todas as formas, sua visão realista explica que a essência da Beleza está no próprio objeto e encara a Beleza em todas as relações ao mesmo tempo.

TEORIA PLATÔNICA DA BELEZA

Na teoria de Platão, a beleza da matéria está relacionada a menor ou maior comunicação que ela possua com a Beleza Absoluta, que permanece pura, mutável e eterna, no mundo das Idéias.
            Para Platão, o universo é dividido em 2 mundos: o mundo das ruínas e o mundo em forma. O mundo em que vivemos, é o da ruína, da morte, da feiúra e decadência. Existe um outro mundo acima do nosso, o da forma, de onde o nosso recebe a existência e o significado. È o mundo das Idéias Puras, da essência, o qual é eterno e imutável. Nesse mundo, Verdade, Beleza e o Bem, são essências ligadas ao Ser. É nele que temos o modelo de Verdade, Beleza e do Bem.
            Como nossa alma vem do mundo das essências, ela é atraída pela Beleza.
            A alma humana sente saudade do mundo das Essências, pois por ser eterna, já viveu nele, por isso ela sabe tudo. Como a alma sofre decadência ao se juntar ao corpo material, nós esquecemos de tudo. Quem se dedica à Beleza, não recria a Arte e quem se dedica à Verdade, não a descobre, ambas são recordações do mundo das Essências.
            O diálogo de Platão “O Banquete” e o “Fedro” é o que mais se refere à Beleza. No mito da “parelha alada”, diz que o caminho para se elevar à alma é o amor, pois no início os seres humanos eram andrógenos. E separados, cada alma procurava sua parelha. Começava com a forma mais grosseira, que é o amor físico. Só os mais inferiores ficavam satisfeitos, o homem mais evoluído descobre que a beleza presente naquele corpo é igual a outro corpo e assim, passa amar todos os corpos, pois conclui que a beleza de todos é uma só.
            O amador considera a beleza da alma superior à beleza do corpo, pois esta resiste ao tempo e, já a corpórea está sujeita a ruína.
            Tendo o espírito fortificado e enriquecido pela contemplação amorosa, atingirá ao estágio final, tomado num êxtase e arrebatamento, verá a beleza de natureza maravilhosa. Algo eterno, que não pode ser comparado e não sofre qualquer alteração. Conhecerá então, a Beleza não apresentada em qualquer parte corporal, a Beleza que existe em si mesma e por si mesma, igual a todas as coisas belas.
            O homem pode se elevar da beleza sensível até a contemplação da Beleza absoluta, pelo caminho do amor, ele físico, depois espiritual.
            No texto “O Banquete”, quando Platão fala que o homem que vê adequadamente a Beleza seria o único a criar a verdadeira Virtude, pois se encontra em contato com a Verdade, atribui à Beleza a identificando com a Verdade, como um Bem ou Virtude.
            Dentro do pensamento platônico, essa idéia é coerente quando no texto do “Fedro” ele diz: “... Somente a Beleza tem esta ventura de ser a coisa mais perceptível e elevadora”.
            Como já foi citada, na teoria da reminiscência, a contemplação da Beleza é uma recordação, a alma lembra realidades que contemplou, numa outra vida, no mundo das Idéias Puras. As matérias corpóreas são imitações para se atingir os modelos ideais da qual temos as recordações, tanto das coisas da Natureza, quanto das idéias criado pelo homem.