quarta-feira, 24 de novembro de 2010

ANÁLISE DE UM CROQUI AUTORAL


Esse croqui faz parte de uma coleção inspirada no filme Carmen, do diretor Carlos Saura.
Carlos Saura faz uma adaptação da Ópera de Bizet - que leva o mesmo nome do filme - onde entre um grupo de dançarinos flamenco, o coreógrafo se apaixona pela dançarina.
A coleção teve como pano de fundo a dança flamenca, que ficou por conta do detalhe de babado na blusa, da estampa de motivos de leque, a renda preta no detalhe da barra do short... E a ambientação com motivos de rosas, muito utilizado no flamenco, compõe o look.
Aparentemente, quando não se sabe qual o tema abordado, é possível entender que se trata de um tema mais romântico, pois o flamenco é algo muito mais forte e sensual... A interpretação só se torna possível, ao olhar os pequenos detalhes já citados, onde pequenos conceitos foram expostos, sem ficar muito óbvio.

CONSIDERAÇÕES SOBRE UMA ESTÉTICA CONTEMPORÂNEA

O ser humano na Modernidade foi racional, hoje, no Pós-modernismo, ele é um ser complexo, mas como considerava Kant, o estético e o imaginário também estão ligados.
O mundo contemporâneo se constitui do mundo imaginário com o visual e virtual. A estética está indo em direção à multimídia,a globalização, internet e etc, proporcionam prazer e comtemplação. A estética visual é tolerante à imperfeição, imprecisão e etc, não há qualquer preocupação em apresentar pureza e ainda contradiz conceitos estruturais de beleza, diferentemente da Moderna.
O homem é constituído tanto de razão, quanto de sensibilidade. Não há julgamento neutro, por mais racionais que sejamos, não deixamos as emoções de lado.
No Pós-moderno não há um esrtilo,pois é a cópia de vários estilos. Nas construções de hoje, há estilos da antiguidade e modernidade combinados com o pós-moderno. O mundo está fragmentado, não há mais a busca pela perfeição presente na modernidade, o que está em evidência são os produtos industriais e de mídia.
O homem deseja qualidade de vida e a tecnologia torna nossa vida mais prática e prazerosa, por isso o convívio com as máquinas. A facilidade de comunicação, nos deixa com a idéia de um mundo de paradoxos. O imaginário humano se volta para as tecnologias como tv e cinema, se refletindo na nossa estética interior, a confundindo.
Para compreender o mundo, é preciso desenvolver a sensibilidade do ser humano e de sua própria percepção. O mundo imaginário está no nosso dia-a-dia, o relevante tornou-se ter e não ser.
A modernidade buscava o novo, original, a pureza, a arte como uma obra única. O mundo pós-moderno, está condicionado a aceitar todas as manifestações imaginárias humanas, é um mundo de pluraridade, onde se valoriza o eclético.
Edgar Morion afirma que vivemos num mundo complexo, sem verdades absoluta e o sociólogo Michel Maffesoli diz que é pelo imaginário que retornamos às raízes dos sentidos, que nos remetem a sonhos, fantasias, assim, a novos conceitos estético.
O homem pós-moderno é subjetivo, instável e flexível, não segue regras e persegue os desejos de liberdade, de sua ação, expressão e pensamento, levando-o a interagir com si e estabelecendo as raízes de sua existência.
Mas ainda ficamos com resquícios da crítica modernista, vendo beleza apenas em obras já consagradas, rejeitando a arte contemporânea.
As grandes verdades deixaram de existir para dar lugar à complexidade. As emoções e sentimentos podem tornar um objeto belo e estético, isso está no nosso olhar em relação ao objeto, independente de possuir valor ou não às regras da modernidade.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

ANÁLISE ESTÉTICA DO DESFILE DE RONALDO FRAGA VERÃO/2011 A PARTIR DA TEORIA KANTIANA DA BELEZA

http://estilo.uol.com.br/ultnot/multi/2010/06/14/0402983964C8A913A6.jhtm?spfw-verao-2011-ronaldo-fraga-0402983964C8A913A6

http://video.globo.com/Videos/Player/Entretenimento/0,,GIM1282745-7822-DESFILE+PRIMAVERAVERAO+DE+RONALDO+FRAGA+COMPACTO,00.html

http://www.youtube.com/watch?v=SEalATAb4oU

O Brasil bordado à mão: Turista Aprendiz

     O desfile de Ronaldo Fraga Verão/2011, teve como inspiração a viagem etnográfica do escritor Mário de Andrade, chamado de "Turista Aprendiz".
     Para entender a coleção e todo o desfile, é preciso conhecer Mário de Andrade e sua obra, para se ter o juízo do conhecimento e analisar o conceito.
     Mário de Andrade é um dos principais nomes do Modernismo brasileiro e um dos mais importantes autores literários do país, que teve como objetivo, buscar uma nova expressão artística com um olhar mais voltado para a cultura própria brasileira. No final da década de 20, faz uma viagem etnográfica pelo Norte e Nordeste, que lhe rende diários textuais de imagens ( unindo legendas às fotografias). Ele registra diariamente seu cotidiano e algumas reflexões de caráter etnográfico. Recolhe manifestações artística e culturais, faz registro de música, danças e festas. Sua pesquisa tem preocupação com as relações de produção e com as classes sociais, contato com as reais condições de vida e produção da população brasileira, com reflexões sociológiscas e políticas.
     Ronaldo Fraga diz que seu sonho era fazer essa mesma viagem, mas os compromissos não lhe permite, mas percebe que já registrava experiências como um "Turista Aprendiz" através de seu trabalho com coperativas e grupos de artesão de Norte ao Sul do Brasil.
     A coleção é resultado de um projeto desenvolvido junto a um grupo de bordadeiras de Pernambuco.
     O cenário feito por Leo Santana, com coordenação técnica de Clarissa Neves e Paulo Waisberg, todo composto de desenhos de renda-renascença nos tons amarelo claro, verde, azul e branco.
     Nas roupas, diferentes técnicas de bordados são usadas: ponto-cheio, matames, ponto-sombra, renda-renascença.
     Ele leva também os desenhos da renda-renascenças para a indústria no tule e jacquard, que de longe tem esfeito de renda. 
     A cultura pernambucana aparece nas costuras, estampas e bordados em linho, seda, algodão orgânico, e jacquard.
     Não há muita cor no desfile, o branco se combinacom os neutros, tons em pastéis de verde, rosa, azul e amarelo dominam a passarela, passando para o azul e preto.
    Vestidos suaves, curtos, artesanais, alguns com modelagens amplas, outros acinturados, amarrações, batas, mangas bufantes, mini shorts balonês, rendas, babados e mais babados, e uma transparência suave, deixam a coleção ainda mais romântica.
     No masculino, bermudas e calças são afuniladas na barra, camisas amplas e um composé de estampas e xadrezes num mesmo look.
     O styling teve a assinatura de Daniel Ueda.
     O make de Marcos Costa, deixou as modelos com o bronzeado nordestino, completando o look com perucas brancas de plástico e óculos escuros.
     A trilha sonora, retrata ainda mais o tema abordado. Inicialmente há um instrumental, com citações referentes à história de Caramuru com a índia Paraguassu, com músicas de Luiz Gonzaga, fazendo uma passagem de "Asa Branca" para "Assum Preto" ( com a qual termina o desfile), mas esta com uma mudança de arranjo e interpretação.
     Emocionando o espectador com toda a identidade brasileira apresentada. E conseguindo transmitir através das roupas, o trabalho e história de um povo, com suas histórias, amor, desejos, através do bordado. Quando se ve esse espetáculo, o público é arrebatado por sensações e emoções, no qual ele se envolve com a apresentação em todo momento, e a impressão que se tem é de que as roupas falam.
     Ronaldo apresenta a beleza e riqueza do Brasil, destaca o Nordeste através das rendeiras de Pernambuco e Paraíba, com um trabalho rico em detalhes e numa coleção 100% bordada à mão, colocando em evidência o ofício do bordado no Brasil. 
     Mas em um desfile de moda, há uma subjetividade, a experiência pode ser agradável ou não e pode também não ser compreendida. O expectador pode assistir ao desfile, somente com a visão de consumir e analisar o produto, a sensação causada e o julgamento é pessoal, ele não necessita que haja uma concordância geral.
      O juízo estético, também depende da sensação experimentada pelo expectador, mas livre de qualquer conceito, apenas pela experiência apresentada através das reações do observador, mas embora não haja conceito, existe uma concordância do público.
     E como pode algo tão subjetivo que é o gosto, ter também validade geral?
     O desfile de moda, já desperta atenção, curiosidade e interesse, e quando Ronaldo Fraga apresenta sua coleção, se importa em mostrar algo belo e agradável, isso acaba gerando um consenso geral de que o que foi apresentado, realmente foi belo e agradável.
     Outro paradoxo é a relação entre o juízo estético e sobre o agradável. Quando uma pessoa vai ao desfile de Ronaldo Fraga, já o conhece e sabe a relação importante do estilista e quão ele é respeitado no mundo da moda, assiste ao espetáculo com um interesse de satisfação, mas quando se contempla o espetáculo, o prazer e a sensação causada diante dessa contemplação se torna desinteressado.
     Segundo a teoria kantiana, a satisfação do juízo do gosto é desinteressada. Avaliando o objeto roupa, ele sim se comporta como um consumo interessado, se torna objeto de prazer, mas a sensação do prazer experimentado diante do que lhe é apresentado, é agratuito, portanto, pode ser considerado beleleza estética.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

TEORIA HEGELIANA DA BELEZA

     Hegel tem noção de futuro, o objeto vai dar o sentido de beleza e essa beleza, é mutável. Para ele: " A Beleza... se define como manifestação sensível da Idéia".
     Em seus fundamentos, Hegel segue os passos de Schelling na afirmação de sua teoria e aceita o pensamento platônico de que Beleza é um modo de representação da Verdade. E discorda do pensamento de Kant que Beleza é "um universal sem conceito". Ele diz que a Verdade é conceitual, pois se fundamenta na Idéia, e como a Beleza é a representação da Verdade, tem o poder de formar conceitos.
     Assim, a Idéia é a essência da realidade, é a Verdade não objetivada. A Idéia representada e exteriorizada no concreto é o Ideal, que é a Beleza.
     Seguindo os passos de Schelling, fala sobre liberdade e necessidade. A liberdade é subjetiva, não se exterioriza. Já a necessidade natural, não é livre e é objetiva. A liberdade é o Bem, Verdade, leis universais. Mas há por outro lado, as inclinações do homem e seus sentimentos individuais. Para conciliar essa oposição, o homem vive em combate à essa contradição. Na busca pela Verdade suprema para a solução dessas contradições, toda a oposição perde valor. Essa verdade mostra que a liberdade tomada por si mesma, independente da necessidade, não é algo absolutamente verdadeiro e nem se pode atribuir à necessidade nela mesmo, caráter de verdade.
     De acordo com Hegel, as 3 etapas que o homem deve passar para chegar ao Absoluto é a Arte, Religião e Filosofia. Na Arte, ele encontra a espiritualização do sensível, na Religião é construída um sentido através de confronto das idéias captadas pela Arte, e a Filosofia é a compreensão lógica da análise entre a Arte e Religião.
     O homem é dilacerado, quando espírito e liberdade são colocados diante da necessidade da natureza, assim, ele sente a oposição entre sua natureza espiritual e a realidade bruta. Então, procura espiritualizar-se para diminuir essa oposição e se vale da Arte, Religião e Filosofia como meios para tal. E assim, tenta superar as contradições de seu destino.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

TEORIA KANTIANA DA BELEZA

     Kant não estuda as características do objeto belo, sua crítica teve como objetivo provar que isso não era possível. Ele estuda o ato de consciência que julga a Beleza e fala sobre todos os paradoxos existêntes em seus pensamentos.
     Primeiramente, Kant tira o centro de existência de Beleza do objeto para o sujeito. Ele afirma que a diferença entre o juízo estético (ou do gosto) e do conhecimento são a primeira causa que impede a solução dos problemas estéticos.
     Segundo Kant, os juízos de conhecimento se baseiam em propriedades do objeto e por isso, é indiscutível, se tornando válido para todo o mundo. Já o juízo estético, é decorrente da reação causada pela contemplação do objeto, não de suas propriedades, por isso não há concordância geral, torna-se algo pessoal e subjetivo.
     Dentro do pensamento kantiano, ainda há a distinção do juízo estético e do juízo sobre o agradável. Kant disse: "o agradável é aquilo que agrada aos sentidos, na sensação", quando digo que algo é bom, é uma sensação subjetiva minha.
     O juízo estético se assemelha com o juízo sobre o agradável, porque também é baseado numa sensação de prazer que o sujeito experimenta diante do objeto, mas se difere porque quando uma pessoa gosta de uma obra de arte, quer que todos gostem também. Já comparando o juízo estético com o juízo do conhecimento, ele se difere porque não se baseia em conceitos, mas numa sensação, e se assemelha por exigirmos validade universal.
     Então, o juízo do conhecimento possui conceito, validez geral. O juízo sobre o agradável possui sensação pessoal do sujeito e ausência de validade geral. O juízo estético possui ausência de conceito, sensação agradável do sujeito, mas exigência de validez universal.
     De acordo com Kant, a Beleza é "aquilo que agrada universalmente sem conceito", mas conhecida como "um universal sem conceito".
     A explicação para que o juízo estético - que é algo subjetivo - exija consenso universal, é que a satisfação do juízo do gosto é resultado de faculdades comuns a todos. O sujeito ao apresentar uma sensação de prazer diante de uma obra de arte, exige para seu juízo, aprovação geral.
     Outro paradoxo é a relação entre o juízo estético e o juízo sobre o agradável. Embora ambos se baseiam em uma sensação de prazer pessoal, esses prazeres se diferem. Quando uma pessoa se alimenta, há um interesse físico a satisfazer, logo, o juízo sobre o agradável é uma sensação de prazer interessada. Mas quando experimentamos a sensação causada diante da contemplação do objeto, o prazer é gratuito e desinteressado.
     Isso nos leva a mais um paradoxo a ser discutido por Kant relacionado com a distinção do fim e da finalidade. A satisfação determinada pelo juízo do gosto é desinteressada, então, quando Kant afirma: "todo fim, considerado como princípio de satisfação, comporta sempre um interesse como motivo de julgamento, trazido sobre o objeto do prazer." há entendimento que nenhum prazer ligado ao fim pode ser estético, porque todo ele é interessado.
     Porém, ocorre o contrário com a finalidade. Do ponto de vista estético, para Kant é: "alguma coisa que o sujeito descobre no objeto e que tem o dom de excitar harmoniosamente suas faculdades". Assim, a diferença essencial é de que o fim está ligado ao objeto e sua distinção útil e já a finalidade, ligada ao sujeito e à sensação de prazer harmoniosa que ele experimenta. Daí a afirmação de Kant: "o juízo estético não tem outro fundamento senão a forma da finalidade de um objeto", e também " a satisfação determinada pelo juízo do gosto é uma finalidade sem fim."
     Outra distinção que vai repercurtir diretamente nas teorias de Arte Abstrata do nosso século é entre Beleza livre e Beleza aderente, derivadas da distinção entre fim e finalidade.
     Ele cham a Beleza ligada a Arte figurativa, que representam coisas de "aderentes", pois ela adere ao conceito que fazemos das coisas representadas. E chama de Beleza livre as ligadas à Arte abstrata, que representam formas puras, ela não supõe nenhum conceito do que seja o objeto, são belezas livres, já a "aderente" não só supõe o conceito do fim que determina o que deve ser o objeto, mas a perfeição do objeto em relação a esse conceito.
     Para os kantianos, a beleza livre é a única beleza esteticamente pura.
     Nietzsche -contra a idéia kantiana de que pureza é o valor maior- através de suas formulações sobre a Arte, diz que as artes abstratas são mais puras, equilibradas e desinteressadas, mas não são as únicas, existem outras que ganham em violência e complexidade o que perdem em pureza.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

CRÍTICA ESTÉTICA

CAMPANHA GATABAKANA 2010.




     A campanha da marca catarinense Gatabakana para a coleção de outono/inverno 2010 foi estrelada pela atriz Paloma Bernardi. Os ensaios foram feitos na Lapa, Rio de Janeiro, o que tem tudo a ver com a essência brasileira da marca. Os cliques foram feitos pelo fotógrafo Rodrigo Marques, tendo como cenário principal nessa foto, os Arcos da Lapa ao fundo de um andaime, combinando com a atitute rock proposta pela stylist Ale Duprat, que apresenta uma coleção inspirada no rock dos anos 80 e com a proposta visivelmente absorvida através do make e das peças.
     O cenário, o make e toda a atitude e personalidade presentes na imagem, fazem das peças a combinação de um "ar" atrevido e provocante, mas também belo.
     E se tratando de belo, é possível citar 2 filósofos que discutiram o "belo" do ponto de vista estético, para analisar essa imagem: Platão e Aristóteles.
     Primeiramente, segundo a teoria de Aristóteles de que beleza decorre da harmonia, ordem, equilíbrio, grandeza e proporção, a tradução desses conceitos se encaixa perfeitamente na imagem. A modelo no centro da foto, torna-se proporcionalmente grandiosa e está em perfeita harmonia com o cenário e toda imagem em si.
     Seguindo a teoria da reminiscência de Platão, que fala das matérias como sendo imitações para se atingir modelos ideais, isso fica explícito na modelo e no look, onde se vê a releitura da atitude rock, um conceito tirado da recordação de tendência de uma época. E com toda a imagem que é preciso para representar o rock e sua atitude, houve a preocupação da preservação de um ideal de beleza, que mesmo em uma acampanha com um tema que exige uma atitude mais forte, com personalidade e um certo atrevimento, talvez o mais importante que a beleza para a representação do rock, a exaltação da beleza da atriz, que é vista como um ideal de beleza a ser seguido por muitas mulheres, não deixou de ser levado em consideração e se fez presente em todo o ensaio.