quarta-feira, 3 de novembro de 2010

TEORIA KANTIANA DA BELEZA

     Kant não estuda as características do objeto belo, sua crítica teve como objetivo provar que isso não era possível. Ele estuda o ato de consciência que julga a Beleza e fala sobre todos os paradoxos existêntes em seus pensamentos.
     Primeiramente, Kant tira o centro de existência de Beleza do objeto para o sujeito. Ele afirma que a diferença entre o juízo estético (ou do gosto) e do conhecimento são a primeira causa que impede a solução dos problemas estéticos.
     Segundo Kant, os juízos de conhecimento se baseiam em propriedades do objeto e por isso, é indiscutível, se tornando válido para todo o mundo. Já o juízo estético, é decorrente da reação causada pela contemplação do objeto, não de suas propriedades, por isso não há concordância geral, torna-se algo pessoal e subjetivo.
     Dentro do pensamento kantiano, ainda há a distinção do juízo estético e do juízo sobre o agradável. Kant disse: "o agradável é aquilo que agrada aos sentidos, na sensação", quando digo que algo é bom, é uma sensação subjetiva minha.
     O juízo estético se assemelha com o juízo sobre o agradável, porque também é baseado numa sensação de prazer que o sujeito experimenta diante do objeto, mas se difere porque quando uma pessoa gosta de uma obra de arte, quer que todos gostem também. Já comparando o juízo estético com o juízo do conhecimento, ele se difere porque não se baseia em conceitos, mas numa sensação, e se assemelha por exigirmos validade universal.
     Então, o juízo do conhecimento possui conceito, validez geral. O juízo sobre o agradável possui sensação pessoal do sujeito e ausência de validade geral. O juízo estético possui ausência de conceito, sensação agradável do sujeito, mas exigência de validez universal.
     De acordo com Kant, a Beleza é "aquilo que agrada universalmente sem conceito", mas conhecida como "um universal sem conceito".
     A explicação para que o juízo estético - que é algo subjetivo - exija consenso universal, é que a satisfação do juízo do gosto é resultado de faculdades comuns a todos. O sujeito ao apresentar uma sensação de prazer diante de uma obra de arte, exige para seu juízo, aprovação geral.
     Outro paradoxo é a relação entre o juízo estético e o juízo sobre o agradável. Embora ambos se baseiam em uma sensação de prazer pessoal, esses prazeres se diferem. Quando uma pessoa se alimenta, há um interesse físico a satisfazer, logo, o juízo sobre o agradável é uma sensação de prazer interessada. Mas quando experimentamos a sensação causada diante da contemplação do objeto, o prazer é gratuito e desinteressado.
     Isso nos leva a mais um paradoxo a ser discutido por Kant relacionado com a distinção do fim e da finalidade. A satisfação determinada pelo juízo do gosto é desinteressada, então, quando Kant afirma: "todo fim, considerado como princípio de satisfação, comporta sempre um interesse como motivo de julgamento, trazido sobre o objeto do prazer." há entendimento que nenhum prazer ligado ao fim pode ser estético, porque todo ele é interessado.
     Porém, ocorre o contrário com a finalidade. Do ponto de vista estético, para Kant é: "alguma coisa que o sujeito descobre no objeto e que tem o dom de excitar harmoniosamente suas faculdades". Assim, a diferença essencial é de que o fim está ligado ao objeto e sua distinção útil e já a finalidade, ligada ao sujeito e à sensação de prazer harmoniosa que ele experimenta. Daí a afirmação de Kant: "o juízo estético não tem outro fundamento senão a forma da finalidade de um objeto", e também " a satisfação determinada pelo juízo do gosto é uma finalidade sem fim."
     Outra distinção que vai repercurtir diretamente nas teorias de Arte Abstrata do nosso século é entre Beleza livre e Beleza aderente, derivadas da distinção entre fim e finalidade.
     Ele cham a Beleza ligada a Arte figurativa, que representam coisas de "aderentes", pois ela adere ao conceito que fazemos das coisas representadas. E chama de Beleza livre as ligadas à Arte abstrata, que representam formas puras, ela não supõe nenhum conceito do que seja o objeto, são belezas livres, já a "aderente" não só supõe o conceito do fim que determina o que deve ser o objeto, mas a perfeição do objeto em relação a esse conceito.
     Para os kantianos, a beleza livre é a única beleza esteticamente pura.
     Nietzsche -contra a idéia kantiana de que pureza é o valor maior- através de suas formulações sobre a Arte, diz que as artes abstratas são mais puras, equilibradas e desinteressadas, mas não são as únicas, existem outras que ganham em violência e complexidade o que perdem em pureza.

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